As
comunidades são unidas pelos laços da fé, desdobrando-se em cada época e espaço
de forma apropriada e original, o que constitui uma diversidade inestimável de
jeitos de edificar o Reino de Deus a serem acolhidos e motivados pelas
lideranças eclesiais. Uma comunidade de fé, formada de acordo com sua origem,
um estilo de ser Igreja é uma comunidade inclusiva, que não faz acepção de
pessoas em qualquer condição em que estas se encontrem.
A
comunidade cristã nasce em torno da fé no Ressuscitado. Esta centralidade e
fundamento último da comunidade cristã foram recuperados na Igreja católica pelo
Concílio Vaticano II. Viver em comunhão é uma necessidade vital do ser humano.
É nas relações que ele descobre sua identidade e sentido da sua própria
existência humana. Sendo a comunidade cristã um espaço de promoção da plenitude
da vida vivida e anunciada por Cristo, ela se propõe, portanto, a iluminar as
necessidades fundamentais do ser humano com a luz dos valores do Evangelho. É
neste espaço que a pessoa deve fazer a mais profunda experiência de ser humano e, partir
desta experiência, se colocar em relação com Deus.
Cristo,
ao assumir a condição humana, aproxima a humanidade com a divindade, abre
caminhos de relação pessoal e profunda do ser humano com o Deus: Uma relação
que se desdobra na relação fraternal preconizada pelo Evangelho: “Dou-vos um
novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também
vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo, 13,34).
O
novo anunciado por Jesus, na verdade, é constituinte da essência
do ser humano. Ao enaltecer o ser humano, pela sua encarnação, Cristo abriu o
caminho para o ser humano encontrar-se na sua própria plenitude. A paixão e morte
de Jesus foi motivo de frustração para os discípulos. As suas promessas
pareciam não terem sido cumpridas. No entanto, com a ressurreição foi
manifestada a glória e divindade de Cristo em sua plenitude, o que constitui a razão
de ser da vida das primeiras comunidades cristãs. “Eles mostravam-se assíduos
ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às
orações” (At 2, 42).
O
Espírito prometido desceu e encheu de coragem os discípulos, animando-os para a
evangelização. As reuniões das primeiras comunidades se davam com o intuito de
aprender o que o Mestre ensinou. Os Apóstolos ensinavam em nome do
Ressuscitado. É dele a incumbência de levar a Boa-Nova a todos os povos e
nações; “Recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e
sereis minhas testemunhas, em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra” (At 1,8).
É
importante considerar a relação da Igreja com a sociedade e sua integração como
membro importante desta. Sua presença e ação é sempre desafiadora uma vez que
deve, de um lado, agir a partir de seu caráter próprio, isto é, em e por cada
ação “comunicar o Evangelho”, levantar sua voz profética sem medo nem
restrições, denunciando toda a forma de injustiça e desrespeito à dignidade
humana, de outro, conhecer as realidades e dinâmicas da sociedade como um todo
e de cada pessoa e saber dialogar com elas, ao mesmo tempo em que é
influenciada pelo modo de ser e pensar da própria sociedade.
As
comunidades cristãs têm, por isso, um desafio maior, de se constituir e manter
a partir dos valores do Evangelho, que propõe a doação total a exemplo de
Cristo. O que move estas comunidades é o mandamento maior, possível de ser
vivido a partir da força da Eucaristia. A comunhão vivida na comunidade cristã
é a comunhão gerada e mantida na própria Trindade.
Sendo
assim, comunidade cristã é um espaço de experiência da fé e adesão a Jesus
Cristo. O ser missionário – o anúncio é inerente à vida cristã. Assim, todo o
cristão é missionário por natureza de sua própria vocação. O anúncio / a
comunicação do Evangelho, no entanto, ultrapassam os púlpitos das igrejas, pela
pregação. A presença de cada cristão e da comunidade de fé como um todo na
sociedade é uma presença significativa pelo testemunho e participação ativa em
todas as questões que afetam o ser humano individualmente ou como coletividade.
Seminarista Everton Pavilaqui
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